Sunday, September 20, 2009

Chega o outono, a estação multicolorida, de clima ameno e ventos brandos.

Os dias longos de verão se tornam mais curtos, embora ainda cheios de brilho, e agora de cores.

Uma beleza cujo esplendor não durará mais que poucos dias, quando enfraquecidas e amareladas as folhas todas cairão, mas suficiente para dar uma festa ao olhar cada vez que a contemplamos.

Vale a pena caminhar pelas ruas, estradas e parques banhando os olhos na mais original pintura nunca antes produzida em outra tela que não seja a face da natureza.

É delicioso sentar-se no banco de uma praça observando a dança das folhas ao caírem , formando um imenso tapete onde repousará a saudade, fruto de tantas e tantas lembranças de um verão que passou.

É prazeroso perceber a delicadeza com que o vento toca os galhos das árvores, como que roubando-lhe um beijo, ganhando em troca as douradas folhas com as quais ornamentará o chão por onde passar.

O vermelho-alaranjado das folhas dá um tom de realeza à natureza vaidosa, que ao contemplar-se no espelho das águas deixa realçar o lirismo de sua poesia e do seu encantamento.

O esplendor das folhas, a delicia dos frutos, a suavidade do clima, escondem a sua fragilidade ao preparar-se para o inverno com seus dias escuros, frios e melancólicos e transformam a perda em gesto de total despojamento e doação, a nos ensinar que nas perdas muitas vezes estão escondidos ganhos.

Ao perderem as folhas, as árvores desnudas estarão prontas para receberem os ventos frios, a neve e o gelo que lhe adornarão os galhos até a primavera.

É a natureza pronta para um novo ciclo de renovação. É a vida a atualizar-se, acolhendo o novo, o diferente, o inevitável.

Que as cores e os sabores outonais reavivem nosso desejo de viver a intensidade e a plenitude de cada momento, como se o para sempre nunca tivesse fim.


ABrito-2009

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