Thursday, November 12, 2009


Esta foto foi tirada, da janela do meu quarto, no meu primeiro dia em Nova Iorque, Estados Unidos .

Este foi também meu primeiro contato com a neve e algo muito interessante aconteceu. Neste dia, 10 de fevereiro de 2006, foi registrada a maior tempestade de neve dos últimos 20 anos na Cidade de Nova Iorque, 14 polegadas! Em geral as tempestades de neve aqui não ultrapassam 3, 4 polegadas. Foi de fato um lindo espetáculo. A mãe natureza me recepcionou muito bem, senti-me privilegiada!

Lembro que diante dessa janela, misturado ao encanto da visão prateada do inverno, eu perguntava a mim mesma: O que estou fazendo aqui? Que idéia maluca essa de vir morar tão distante do meu povo? E não sei traduzir bem o sentimento experimentado naquele momento, um misto de excitação e medo diante do novo e totalmente desconhecido.

Eu não falava inglês, as poucas palavras que eu sabia pouco me ajudavam e, na verdade, eu não “morria de amores” pelos Estados Unidos. Mas aqui estava eu, por livre e espontânea vontade.

Já se passaram quase quatro anos e continuo aqui, num Outono lindo antecipando mais um inverno frio que esta quase chegando, e com o espírito em plena primavera! Quase não acredito como o tempo tem passado rápido e como eu tenho facilmente me adaptado a esta totalmente nova experiência de vida.

Na verdade sou de fácil adaptação. Já morei, no Brasil, em diferentes cidades, além do Estreito - o Sitio onde me sinto orgulhosa de ter nascido - e em cada lugar me senti bem, adaptada, feliz. Aqui em Nova Iorque não está sendo diferente, neste sentido.

Gosto da Cidade, da pluralidade cultural, da beleza de cada estação, do Povo Americano, especialmente nossas Irmãs de Congregação. Não fosse o amor imenso que sinto por minha família, o que me faz sentir muita saudade, eu poderia viver aqui para sempre. Mas pelas experiências de vida, acumuladas do decorrer dos tempos, para sempre não consta no dicionário da minha vida! Eterno mesmo, para mim, só o Amor de Deus e a vida após esta por Ele prometida.

Não sei se terei uma vida longa, sou meio convencida que não, embora não deseje isso, mas mesmo que não tenha não poderei reclamar. Tudo o que eu tenho vivido tem me trazido muitas alegrias e sinto-me realizada e feliz como ser humano. Tenho aprendido muito com minhas experiências de vida, mesmo aquelas que resultaram em dor, e sei que tenho muito ainda a aprender e a partilhar.

Através das janelas dos meus dias quero ter a graça de ainda poder contemplar muita beleza, onde quer que eu esteja.

Deverei retornar em breve ao meu Pais, até lá tentarei viver aqui cada instante como se fosse o ultimo. Aliás, tenho me convencido cada dia mais da importância de se viver em plenitude cada momento que a vida nos oferece, pois estes passam e não retornarão jamais da mesma forma. Tenho aprendido também que não vale mesmo a pena guardar memórias que não nos façam felizes quando relembradas ou alimentar qualquer ressentimento prejudicial à nossa felicidade e que as pessoas que verdadeiramente nos amam, mesmo distantes geograficamente, não se fazem distantes e nunca, nunca nos abandonarão. E, nesse sentido, acredito na palavra jamais.

Que outras janelas me mostrem outras paisagens ou quem sabe as mesmas, revestidas de um novo tecido.

By ABrito – Novembro, 2009


2 comments:

  1. Lindo depoimento! Nada de ficção, pura realidade.
    A fotografia que serve de pano de fundo é o grande contraste com o nosso berço, no entanto conseguimos enxergar analogias, onde na aridez do sertão o brilho intenso do sol causticante nos ofuscava as vistas e, o canto da cigarra agredia nossos tímpanos. Destas situações inóspitas surgem homens e mulheres com nossa linhagem, com nossa estirpe, capazes de transpor obstáculos aparentemente intransponíveis e superar situações aparentemente insuperáveis. E assim somos nós, como eternizou o grande Euclides da Cunha: “Acima de tudo fortes”.
    Bjs. Titio.

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  2. Fortes, mesmo quando frageis...
    Obrigada pelo comentario Titio, e pelo seu carinho.

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