Saturday, February 13, 2010

Esclarecimento:
Não me importo se alguém copia o que eu escrevo,
só exijo que respeitem os direitos autorais não atribuindo a outros e/ou anônimos o que escrevi e assinei, combinado?

Wednesday, February 10, 2010

Colheita Feliz

A Vida nos proporciona oportunidades que nunca se repetem e por isso devemos estar atentos às mesmas, para que não se percam no labirinto da nossa existência.

São muitas as experiências que vivenciamos e muitas as aprendizagens que adquirimos em cada uma delas. Algumas resultam em alegrias e satisfações que guardamos conosco pela vida inteira; outras, no entanto, esquecemos facilmente e outras não esquecemos, mas evitamos relembrar.

Hoje, jogando “Colheita Feliz” recordei momentos de minha vida que não quero esquecer jamais. Momentos de pura alegria e de imensa riqueza. Momentos que ficaram gravados a ouro em minha memória e que tenho certeza contribuíram para o meu aperfeiçoamento humano como tantas outras experiências no seio da minha família e no convívio com os meus amigos e amigas de infância, adolescência e juventude.

As pequenas coisas, os mais simples e mais sutis gestos de amor e de solidariedade me encantam e me enchem de verdadeira alegria. Fico para sempre agradecida quando percebo e sinto nas atitudes mais simples das pessoas a gratuidade e gentileza que só o Amor pode nos proporcionar. E nesse sentido tenho tantas boas memórias!

Ao jogar o “Colheita Feliz” recordei pessoas com as quais partilhei momentos inesquecíveis , momentos simples e de uma beleza infinita. O cenário, a casa da minha prima Chaguinha, no Sítio Poço dos Cavalos onde eu sempre passava as minhas férias. Uma pessoa tão querida, mais, muito mais que uma prima, uma irmã, uma mãe, uma amiga, uma mestra. Uma casa cheia de crianças, a Vovó sempre por lá com suas histórias engraçadas, seu cachimbo sempre limpinho e sua xícara de café quase sempre cheia, ou sentada numa cadeira no alpendre da casa, com aquele seu olhar às vezes absorto, como que querendo trazer de volta um passado já distante.

Havia também ali a minha prima Lindóia, uma pessoa muito amada, linda, talvez a pessoa mais tranqüila que encontrei até hoje; a Zezinha, a Babil a Dona Julieta, o Francisco o cawbói que paquerava todas as meninas acima de dez anos, o Tutuá, marido da Chaguinha as onze crianças que geraram e muitas outras pessoas que faziam daquele lugar um verdadeiro oásis de paz e de vida.

Quase todas as tardes após o almoço nós ficávamos, Chaguinha, Lindóia e Eu, sentadas em volta da mesa brincando de “fazendeiras”, comprando e vendendo vacas e bois, uma alegria só.

Lembro o cheiro do “leite ferrado” com mastruz e ‘ipepaconha” (era assim que a gente chamava, até hoje não sei o verdadeiro nome daquela erva), do queijo feito ali mesmo, dos melões, da terra molhada pela chuva, dos banhos na barragem, do sabor das mangas fresquinhas que colhíamos “no pé”, enfim, da vida que brotava e florescia em cada recanto daquele paraíso.

Foi assim dos meus 7 aos 14 anos, todos os anos eu estava lá. Entre essas memórias existem muitas outras e muitas outras mais, inesquecíveis igualmente.

Mas o tempo passou e as opções que fiz na vida me distanciaram daquele lugar e daquelas pessoas amadas que tanto bem me fizeram. Mas a distância é apenas física, pois no meu coração e na minha memória essas felizes experiências nunca se apagaram e sou imensamente agradecida a Deus por Ele ter me proporcionado tudo isso.

Sinto saudades e sei que jamais viveremos o mesmo da mesma forma, mesmo que nos encontremos no mesmo lugar, porém o que foi vivenciado é relembrado sempre na exata forma como aconteceu. Foi a mais linda e mais “Feliz Colheita” que fizemos!

ABrito - New York - 10/02/2010